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Carlos Lyra, um compositor, cantor e violonista brasileiro cujas melodias legais e meticulosas ajudaram a dar estrutura e poder à bossa nova, o estilo de jazz com influências de samba que se tornou um fenômeno mundial no início dos anos 1960, morreu em 16 de dezembro no Rio de Janeiro. Ele tinha 90 anos.

Sua filha, a cantora Kay Lyra, disse que a causa de sua morte, no hospital, foi sepse.

Ao lado de Antônio Carlos Jobim, Lyra foi amplamente considerado um dos maiores compositores da bossa nova. Jobim certa vez o chamou de “grande melodista, harmonista, rei do ritmo, da síncope, do swing” e “singular, sem igual”.

Lyra fazia parte de um círculo de músicos que, na década de 1950, começou a procurar maneiras de misturar os sons tradicionais do samba brasileiro com o jazz americano e as influências clássicas europeias. Muitas vezes se reuniam no Plaza Hotel, no Rio, não muito longe da praia de Copacabana, para discutir música e trocar ideias.

Um desses músicos, o cantor e violonista João Gilberto, incluiu três composições de Lyra — “Maria Ninguém” (“Maria Ninguém”), “Lobo Bobo” (“Lobo Tolo”) e “Saudade Fêz um Samba” (“ Saudade Fez Samba”) — em seu “Chega de Saudade” (1959), que tem sido frequentemente chamado de primeiro disco de bossa nova. Lyra lançou seu primeiro álbum um ano depois, intitulado simplesmente “Carlos Lyra: Bossa Nova”.

Inspirado pelo jazz da Costa Oeste de Chet Baker, Gerry Mulligan e outros, o Sr. Lyra trouxe uma sofisticação descontraída ao seu trabalho, bem como um padrão exigente de precisão musical.

“Ele jogou muitas músicas fora”, disse sua filha. “Ele só ficou com os bons, ele me disse.”

Ele frequentemente escrevia com um letrista – originalmente Ronaldo Bôscoli e depois, a partir do início dos anos 1960, Vinícius de Moraes, que escreveu a letra original em português de “The Girl From Ipanema”, talvez a música mais famosa da bossa nova.

Lyra juntou-se a Gilberto, Jobim, Sérgio Mendes e outros artistas brasileiros na famosa apresentação de 1962 no Carnegie Hall em Nova York que ajudou a apresentar a bossa nova ao público americano. Artistas de jazz como Miles Davis e Erroll Garner sentaram-se na plateia, assim como executivos de gravadoras, e vários dos artistas (embora não o Sr. Lyra) mais tarde assinaram contratos com gravadoras norte-americanas.

Muitos dos principais líderes da bossa nova eram apenas escritores ou apenas intérpretes; O Sr. Lyra estava entre os poucos que eram ambos. Brilhantemente carismático no palco, com uma rica voz de barítono, ele conquistou públicos em todo o Brasil e, em meados da década de 1960, nos Estados Unidos, quando passou dois anos em turnê com o saxofonista Stan Getz, o principal expoente americano da bossa nova.

Lyra também diferia de seus colegas músicos da bossa nova em sua política. A maioria era apolítica ou inclinada para a direita; Lyra era um esquerdista declarado que ingressou no Partido Comunista e ajudou a fundar o Centro Popular de Cultura, um ponto de encontro no Rio de Janeiro para estudantes e artistas progressistas.

Ele escreveu canções (às vezes com letras próprias, às vezes em colaboração com o Sr. de Moraes) que tinham uma inflexão social e política, embora suas mensagens tenham sido cada vez mais codificadas depois que o governo do Brasil foi derrubado em 1964 durante um golpe militar. Mesmo assim, sua política o levou a escolher o exílio, duas vezes.

“Eu me considero politicamente proletariado”, disse ele ao The New York Times em 2015. “Eu me considero economicamente burguês. E artisticamente me considero um aristocrata.”

Carlos Eduardo Lyra Barbosa nasceu em 11 de maio de 1933, no Rio de Janeiro. Seu pai, José Domingos Barbosa, era oficial da Marinha do Brasil. Sua mãe, Helena (Lyra) Barbosa, era dona de casa.

Carlinhos (as pessoas o chamaram por esse nome, diminutivo de Carlos, ao longo de sua vida) foi uma criança musicalmente precoce. Sua família estava repleta de artistas e músicos amadores, incluindo sua mãe, que tocava ao piano a música de Debussy e outros compositores impressionistas.

Estudou violão clássico com Moacir Santos, influente compositor e professor de música, e começou a escrever canções na adolescência. Em 1955, a cantora Sylvia Telles gravou seu “Menina”.

Esse sucesso inicial o colocou em contato com outros jovens artistas, como Gilberto, Jobim, a cantora Nara Leão e o compositor Roberto Menescal, que tiveram papel central na formação da bossa nova.

Lyra deixou o Brasil após o golpe de 1964. Quando saiu da estrada após sua longa turnê com Getz, ele se estabeleceu na Cidade do México, onde se juntou a muitos outros artistas brasileiros autoexilados.

Lá conheceu e se casou com Katherine Riddell, atriz conhecida no Brasil pelo nome artístico de Kate Lyra. Mais tarde, eles se divorciaram.

Junto com sua filha, o Sr. Lyra deixa sua segunda esposa, Magda Pereira Botafogo; sua irmã, Maria Helena Lyra Fialho; e seu irmão, Sérgio.

Sr. Lyra retornou ao Brasil no início da década de 1970. Mas, achando a ditadura de direita ainda desagradável, ele se exilou novamente em 1974, desta vez para Los Angeles. Lá ele foi submetido à terapia do grito primal com Arthur Janov, tornando-se amigo de outro participante famoso, John Lennon.

Dois anos depois voltou definitivamente ao Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro. Nessa altura, o mundo tinha seguido em frente e muitos dos músicos da bossa nova que permaneceram no país tinham chegado a um acordo com o governo militar, que por sua vez promoveu as suas carreiras – um jogo que Lyra se recusou a jogar.

Mas eventualmente ele também foi aclamado como tesouro nacional. Entre as muitas comemorações em torno de seu aniversário de 90 anos, estava o lançamento do álbum “Afeto: Homenagem Carlos Lyra (90 Anos)”, com músicas suas interpretadas por alguns dos principais músicos do Brasil. , incluindo Gilberto Gil, Joyce Moreno e Mônica Salmaso.

By NAIS

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