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COMO AMAR SUA FILHA, por Hila Blum. Traduzido por Daniella Zamir.


Uma mulher viaja milhares de quilômetros para espionar uma família no início de “How to Love Your Daughter”, de Hila Blum. Sozinha em uma estrada escura, Yoella observa a família através de suas janelas iluminadas. Lá dentro estão sua filha Leah e suas duas netas, mas elas não sabem que ela está lá fora: Yoella não vê Leah há anos e nunca conheceu suas netas.

Por seis anos, Leah fez ligações esporádicas para sua mãe de todo o mundo, “de Dharamsala, Bangalore, Hanoi, Chiang Mai. Está tudo bem, ela está bem.” Ela está escalando montanhas, dormindo em florestas, visitando aldeias distantes. Exceto que Leah está morando na Holanda o tempo todo, com o marido e as filhas que ela nunca mencionou à mãe, e sua vida nômade foi uma invenção. Yoella e seu marido “são pais de uma pessoa desaparecida, mas do tipo que ninguém ao nosso redor consegue entender, nem mesmo nós”.

Para entender o mistério do desaparecimento de Leah, Yoella lança um olhar impiedoso sobre seu passado. Ela se coloca em julgamento como mãe, convocando testemunhas, examinando as evidências, em busca de um crime. Seu tom é impiedoso, com o leitor na posição de juiz. Mas quando fica claro que Yoella tem sido uma mãe afetuosa, gentil e capaz, o leitor se torna algo mais próximo de um co-acusado: se ela é culpada de causar danos, então talvez nós também sejamos.

“How to Love Your Daughter” é o segundo romance de Hila Blum e sua estréia nos Estados Unidos, em uma tradução vívida do hebraico por Daniella Zamir, e é uma obra-prima fria como pedra de tensão psicológica. Freqüentemente, suas frases são enganosamente claras, tão transparentes e ameaçadoras quanto um enxame de águas-vivas. Em outros lugares, o tom muda para o humor, até mesmo para a bobagem. O que liga os dois registros díspares, e todos os intermediários, é uma autenticidade infalível: cada observação, gesto e diálogo soam verdadeiros.

Na prosa de Blum, as tarefas muitas vezes invisíveis de cuidar são carregadas de mistério e presságio. Relutante em deixar sua filha adolescente pegar o ônibus sozinha de sua casa em Jerusalém para seus ensaios de dança, Yoella espera do lado de fora no estacionamento frio por Leah. “Quando ela sai do prédio duas horas depois, sua silhueta magra acende e apaga nos faróis enevoados dos carros que passam, e quando ligo o motor e ligo as luzes, ela acelera o passo e, a cada passo que dá em minha direção, seu corpo se esvai de dança.”

Leah é vibrante na página, aparecendo como um bebê, uma criança pequena, uma criança e uma adolescente conforme as seções curtas do romance percorrem o tempo. Yoella ama sua filha de todo o coração. Ela leva Leah em viagens para a Europa, só as duas: “Em Roma, no almoço, deixei ela tomar um gole do meu coquetel e depois tomei mais dois, e conversamos sem parar e gargalhamos, as pessoas se virando para olhar.”

Quando Leah começa a se preocupar com sua aparência, Yoella a provoca, dizendo: “É uma causa perdida. Não importa sua marca de nascença e seus poros, mas seu nariz? Não vejo solução para isso.” Ao longo do romance, o vínculo entre mãe e filha ganha força, de modo que a perda de Yoella se torna quase insuportável. O que ela fará a seguir, agora que sabe o paradeiro de sua filha?

À medida que “How to Love Your Daughter” corre em direção a um ajuste de contas, suas intrigas e revelações são dramáticas o suficiente para serem totalmente satisfatórias. Suas páginas finais me fizeram prender a respiração, desesperada para descobrir se Yoella será condenada a uma vida sem a filha ou se será perdoada.


Flynn Berry é o autor de “Northern Spy”, “A Double Life” e “Under the Harrow”.


COMO AMAR SUA FILHA | Por Hila Blum | Traduzido por Daniella Zamir | 272 págs. | Livros Riverhead | $ 27

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By NAIS

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