O facto de ela ser a favorita diz algo sobre o grau em que a efervescente democracia do país redesenhou o papel dos grupos minoritários. Embora ainda não se saiba se a conquista da presidência, como ela está prestes a fazer, trará uma mudança positiva e definitiva, para além de um projecto político popular.
Há séculos atrás, a Igreja Católica no México atiçava as chamas do ódio contra os judeus. Sheinbaum legislará em edifícios no centro da Cidade do México, perto do Palácio da Inquisição, onde os cripto-judeus – um termo usado para descrever judeus que foram forçados a se converter ao cristianismo pela coroa espanhola no século 15, mas continuaram a praticar o judaísmo em sigilo — foram torturados durante o período colonial. Também nas proximidades fica a Plaza del Quemadero, onde foram queimados na fogueira em autos-da-fé – execuções públicas destinadas a dissuadir outras pessoas de participarem no que a igreja descreveu como uma fé falsa e pervertida.
No final dos anos 1800, o México reforçou a liberdade religiosa. Depois, na década de 1920, José Vasconcelos, um proeminente escritor mexicano, filósofo e reitor da prestigiada Universidade Nacional Autónoma do México, esteve entre aqueles que dinamizaram uma conspiração secular que insiste que uma conspiração judaica pretende controlar o Estado. Quando adolescente, lembro-me de ter encontrado cópias de “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, a infame peça de propaganda anti-semita que pretende revelar um plano secreto judaico para governar o mundo, nas bancas de jornais da Cidade do México.
Quando Sheinbaum e eu crescíamos na Cidade do México, na década de 1960, as comunidades judaicas estavam fortemente divididas entre Ashkenazi, em grande parte da Europa Oriental e partes da Europa Ocidental, e sefarditas, cujas raízes remontam às expulsões espanholas e portuguesas. Sefardita também foi usado para descrever judeus do Império Otomano. Os dois lados mantiveram-se em grande parte isolados, com escolas, sinagogas, cemitérios separados e assim por diante.
A família da Sra. Sheinbaum está entre as raras exceções onde os dois grupos se misturaram. Seus avós maternos eram judeus sefarditas que chegaram ao México na década de 1940 vindos de Sófia, na Bulgária, fugindo do Holocausto. Seus avós paternos, que eram Litvaks, ou judeus lituanos, imigraram para o México na década de 1920. Seus pais cientistas são seculares, mas quando criança ela celebrava os feriados judaicos com os avós.
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